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Esteatose hepática (gordura no fígado): o que é, quais são as causas, os sintomas, como se confirma o diagnóstico e detalhes do tratamento e do acompanhamento

Atualizado em: 26/03/2025

O que é esteatose hepática (gordura no fígado)?

Esteatose hepática acontece quando  o fígado tem mais de 5% de gordura.

Quais são as principais causas e fatores de risco para aparecimento de esteatose hepática (gordura no fígado)?

Sobre o autor deste texto
Cirurgia do Aparelho Digestivo
CRM: 143.673-SP
Atuo há mais de 25 anos como cirurgião do aparelho digestivo e hoje me concentro principalmente no tratamento de hérnias da parede abdominal, do refluxo gastroesofageano e dos problemas do fígado, do pâncreas e das vias biliares.
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Esteatose hepática afeta até 2 bilhões de pessoas no mundo. No Brasil, dados apontam que até 35% dos adultos maiores de 35 anos apresentam gordura no fígado.

Segundo a Mayo Clinic, os principais fatores de risco para o aparecimento de esteatose hepática e gordura no fígado são:

  • predisposição genética
  • aumento de peso e obesidade, principalmente a presença de gordura abdominal
  • aumento de colesterol e triglicerídeos
  • presença de diabetes ou resistência a insulina/pré-diabetes
  • hipertensão arterial
  • síndrome metabólica

Outras condições menos comuns associadas a esteatose hepática (gordura no fígado) são o uso de hormônios anabolizantes, de quimioterapia, de algumas substâncias tóxicas para o fígado, e a presença de hipertireoidismo ou ovário policístico.

Sobre alguns termos técnicos relacionados a esteatose (gordura no fígado)

Houve uma modificação no nome técnico da gordura do fígado mudando de esteatose hepática para NAFLD/NASH e mais recentemente para metabolic dysfunction-associated steatotic liver disease (MASLD) e metabolic dysfunction-associated steatohepatitis (MASH).

MASLD é a presença de esteatose hepática (gordura no fígado), com alterações metabólicas (sobrepeso, obesidade, resistência a insulina, alterações no colesterol/triglicerídeos e diabetes e/ou hipertensão arterial),

MASH é a a presença de esteatose hepática (gordura no fígado) e inflamação no fígado (com ou sem fibrose), com alterações metabólicas.

Costumo explicar para meus pacientes que várias causas podem machucar o fígado (medicamentos, vírus, álcool, doenças de nascença e esteatose hepática/gordura no fígado) que, com o tempo, podem alterar exames pela inflamação do fígado (hepatite).

Algumas pessoas ao longo dos anos expostas a este “machucado” podem desenvolver cicatrizes no fígado, tecnicamente conhecida como fibrose. Um fígado cheio de cicatriz é conhecido como cirrose hepática.

Sobre o autor deste texto
Cirurgia do Aparelho Digestivo
CRM: 143.673-SP
Atuo há mais de 25 anos como cirurgião do aparelho digestivo e hoje me concentro principalmente no tratamento de hérnias da parede abdominal, do refluxo gastroesofageano e dos problemas do fígado, do pâncreas e das vias biliares.
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Sobre a frequência e a gravidade da esteatose hepática (gordura no fígado)

Hoje, esteatose hepática (gordura no fígado), MASLD e MASH são as doenças do fígado mais comuns no Brasil e no mundo e a que mais crescem em número de pessoas afetadas.

Esteatose hepática (gordura no fígado)  já é a maior causa de transplante hepático.

Após 2030 cerca haverá um aumento de 3-vezes no número de pessoas que desenvolverão cirrose, câncer e mudança no funcionamento do fígado por esteatose hepática/gordura no fígado), ligada à epidemia global de obesidade e diabetes.

Entendemos que a mortalidade naqueles com esteatose hepática (gordura no fígado)  é maior que nos que não apresentam doença, devido à presença de outros fatores que aumentam os riscos de doenças do coração, da circulação, além do risco de cirrose.

Quais os sintomas mais comuns da esteatose hepática (gordura no fígado) ?

A maioria das pessoas com esteatose hepática (gordura no fígado)  não apresentam sintomas e não sabem que têm doença no fígado.

Muitas vezes os primeiros indícios podem aparecer durante uma cirurgia na barriga quando se visualiza o fígado ou em exame de imagem para check-up ou investigação de sintomas (Ultrasom, Tomografia ou Ressonância).

Estes exames podem mostrar um fígado aumentado ou com mais gordura.

Em outras situações os exames de sangue podem demonstrar aumento dos exames de fígado, principalmente naqueles conhecidos por suas abreviações como ALT (ou TGP), AST (ou TGO) e GGT,

Os sintomas que podem ocorrer são:

  • fadiga e mal estar
  • desconforto abdominal e dor
  • Em casos mais avançados com a presença de cirrose pode haver: ascite (água na barriga), vômitos ou fezes com sangue, icterícia (amarelo nos olhos) ou alteração do sistema nervoso (falta de concentração, sonolência e alteração de comportamento).

Diagnóstico de esteatose hepática (gordura no fígado) 

É bem estabelecido entre os especialistas desta área, que um clínico geral pode fazer o diagnóstico inicial de esteatose hepática (gordura no fígado) com uma conversa detalhada, exame físico apropriado, exames de sangue e uso de ultrassonografia.

Pacientes com diagnóstico inicial devem ser avaliados por um especialista em fígado para pesquisa de outros problemas no fígado, determinação da função do fígado, quantificação precisa da quantidade de gordura e presença de fibrose hepática.

Diagnóstico de fibrose (cicatriz) no fígado

Ultrassom não é um bom método para quantificar gordura no fígado. Desta forma, laudos que contenham grau I, II, III (ou leve, moderado, grave) necessitam de mais detalhamento para sua confirmação.

Hoje se acredita que os exames de elastografia são capazes de estimar mais corretamente a quantidade de gordura do fígado e a presença de fibrose no órgão. Elastografia mede indiretamente “quão duro” está o fígado.

Elastografia por ressonância magnética tem a melhor precisão, mas são mais caros e não estão disponíveis em todos os locais. Elastografia associada a ultrassonografia pode ser útil, mas sofre muitas vezes da falta de experiência do médico examinador.

Nós preferimos o uso de elastografia transitória por vibração (Fibroscan). Este é um método rápido, sem dor e que em mãos experientes quantifica corretamente a gordura do fígado e fibrose.

Esta tecnologia está disponível no mercado há alguns anos e conta com maior número de dados científicos a respeito do seu uso e da sua interpretação.

Sobre a biópsia hepática

Em algumas situações de dúvida diagnóstica, acreditamos que a biópsia hepática possa ser útil.

Biópsia é retirada de um pedacinho do fígado para exame no microscópio.

Ela pode ser feita sob anestesia geral por laparoscopia (para pacientes que farão outras cirurgias) ou com anestesia local, guiada por exame de imagem e com agulha e técnica adequada.

O resultado da biópsia pode demonstrar a presença de esteatose e/ou de outras doenças no fígado, bem como a presença de inflamação, fibrose e outros dados importantes na avaliação do fígado a nível microscópico.

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Outros profissionais envolvidos no diagnóstico de esteatose hepática (gordura no fígado)

Às vezes psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, cardiologistas, endoscopistas e cirurgiões digestivos também estarão envolvidos nesta discussão para o diagnóstico e opções de tratamento.

Qual médico trata a gordura no fígado e a esteatose hepática?

Clínicos gerais são capazes de fazer o diagnóstico de esteatose hepática (gordura no fígado)  e prover as orientações e testagem inicial.

Os radiologistas e/ou hepatologista são os responsáveis pelos exames diagnósticos.

Acreditamos que o tratamento é melhor realizado por um time especializado que envolve: 

  • especialista em fígado
  • endocrinologista
  • nutricionista
  • educador físico

Às vezes psicólogos/psiquiatras, cardiologistas, endoscopistas e cirurgiões digestivos também estarão envolvidos nesta discussão para um melhor resultado de tratamento.

Quais os pilares do tratamento inicial da esteatose hepática (gordura no fígado) ?

Bom entendimento sobre a situação e avaliação individualizada com exames adequados.

Para pacientes com sobrepeso ou obesidade, a perda de peso será fundamental.

Usamos dieta saudável ,balanceada, guiada pela condição clínica do paciente, associada a exercícios físicos.

A dieta deve evitar principalmente “fast food”, alimentos industrializados, frituras com alto teor de gordura saturada, carbohidratos refinados e bebidas com alto teor de frutose (refrigerantes).

Não gostamos de usar dieta muito restritiva. Acreditamos que devem ser personalizadas e orientadas por um nutricionista, que também auxiliará na re-educação alimentar e na fase de manutenção.

Várias dietas já foram testadas para tratamento da esteatose hepática (gordura no fígado), a que apresenta maior quantidade de evidências de efetividade é a dieta mediterrânea. 

O consumo de café (até 3 xícaras por dia) parece ter um efeito protetor.

O exercício deve ser realizado por pelo menos 150 minutos por semana. Não há consenso sobre o tipo, duração ou intensidade da atividade física, mas ela precisa ajudar na “queima de calorias”, na perda de peso e na redução de gordura corporal.

Novamente acreditamos que o melhor treinamento é aquele prescrito e acompanhado por um profissional especializado.

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A importância de metas para o tratamento

Estimamos que uma perda de pelo menos 10% do peso em 6 meses é o mínimo necessário para melhorar a esteatose hepática (gordura no fígado) .

Para alguns pacientes, perdas maiores serão necessárias. Em alguns casos uso de balão para o estômago e a cirurgia bariátrica e/ou metabólica podem auxiliar na redução de peso e no tratamento da esteatose hepática.

Álcool e esteatose hepática (gordura no fígado)

O uso de álcool pode piorar a agressão ao fígado causada pela esteatose hepática (gordura no fígado). Isto depende da quantidade e da recorrência do uso.

Sugerimos que esta conversa aconteça da maneira mais detalhada possível.

É consenso entre especialistas que portadoras de fibrose (cicatriz) no fígado acima do grau F2 devem permanecer com abstinência de álcool.

Medicamentos para esteatose hepática (gordura no fígado) 

Existem inúmeros medicamentos que foram testados no tratamento da esteatose hepática (gordura no fígado) .

A maioria destes medicamentos são usados para as condições associadas como diabetes, hipertensão, aumento do colesterol e da hipertrigliceridemia.

Os medicamentos mais modernos para tratamento da obesidade e diabetes podem ajudar no controle da alteração metabólica, mas até o momento não existem evidências de benefício direto no fígado.

Medicamentos hepatoprotetores não apresentam evidência científica de melhora de resultados da esteatose hepática (gordura no fígado) .

Prebióticos, probióticos e suplementos específicos como Omega 3 não apresentaram resultados no tratamento da esteatose hepática (gordura no fígado) .

Existem mais de uma dezena de novos medicamentos sendo testados e que devem trazer novas opções para esteatose hepática (gordura no fígado), especialmente para as formas mais graves com fibrose.

Referências Bibliográficas

1- Moreira RO, et al. Brazilian evidence-based guideline for screening, diagnosis, treatment, and follow-up of metabolic dysfunction-associated steatotic liver disease (MASLD) in adult individuals with overweight or obesity: A joint position statement from the Brazilian Society of Endocrinology and Metabolism (SBEM), Brazilian Society of Hepatology (SBH), and Brazilian Association for the Study of Obesity and Metabolic Syndrome (Abeso) Arch Endocrinol Metab 2023; 67: 1-23.

2. Rinella ME, et al. AASLD Practice Guidance on the clinical assessment and management of nonalcoholic fatty liver disease. Hepatology 2023; 77: 1797-1835.

3. Rinella ME, et al. A multisociety Delphi consensus statement on new fatty liver disease nomenclature. Journal of Hepatology 2023; 79: 1542–1556.

4. Cotrim HP, et al. Nonalcoholic fatty liver disease Brazilian Society of Hepatology consensus Arq. Gastroenterol 2016; 53: 118-122.

Dr. Paolo Salvalaggio

Cirurgia do Aparelho Digestivo
CRM: 143.673-SP

O Dr. Paolo Salvalaggio é Mestre e Doutor em Cirurgia. Realizou Pós-doutorado e Fellow nos Estados Unidos. É Especialista em Cirurgia Digestiva, Videocirurgia e Cirurgia Robótica. Atua há mais de 25 anos como cirurgião do aparelho digestivo. Concentra Atuação no Tratamento de Hérnias da parede abdominal, Refluxo Gastroesofageano e dos problemas do Fígado, Pâncreas e Vias Biliares.